Associação ALI – Há três décadas na defesa da prestação de serviços de qualidade aos idosos

A Associação ALI – Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso foi fundada em 1989 e desde então realiza um importante trabalho junto dos empresários do setor sensibilizando-os para a importância da prestação de serviços de qualidade. O Presidente da Assembleia Geral, João Ferreira de Almeida, revelou à Magazine o contributo dado pela associação ao longo dos anos na criação de uma classe mais digna.

A ALI é a associação que representa em Portugal os lares de idosos do setor privado. Criada em 1989, com o objetivo de ajudar os proprietários a interpretar a lei e de os defender perante a tutela, a associação tem desenvolvido ao longo das últimas três décadas um importante trabalho junto dos seus associados, com o objetivo de os ajudar a melhorar o nível de cuidados prestados aos idosos e as condições das suas instalações. “O trabalho da ALI tem passado pelo acompanhamento muito próximo dos seus membros, com visitas técnicas para analisar os problemas e na procura de soluções para os resolver. Além disso, a associação também desenvolve um importante trabalho junto dos seus membros no que diz respeito aos cuidados prestados aos idosos, na vertente administrativa e na vertente jurídica, nomeadamente, na obtenção de licenciamento. O apoio prestado pela associação concretiza-se ainda na defesa dos interesses dos seus associados junto dos Organismos Oficiais e da Comunicação Social, no aconselhamento técnico sobre as instalações, organização do funcionamento, viabilidade de instalação de novos lares e na organização dos processos de licenciamento”, explica João Ferreira de Almeida. A Associação ALI desempenha ainda um importante papel no acompanhamento dos seus associados a reuniões com Centros Distritais da Segurança Social e Câmaras Municipais e no fornecimento de documentação de suporte dos serviços.

Desafios no setor

Os dados provisórios dos Censos de 2021 do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade aumentou 20,6% nos últimos 10 anos, sendo que, Portugal tem 2.424.122 pessoas com 65 anos ou mais. Perante uma população cada vez mais envelhecida, para João Ferreira de Almeida urge sensibilizar a classe política para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar a população mais idosa. “Penso que a sociedade já está mais do que sensibilizada para a questão. Outra coisa é se a nossa classe política também estará e penso que não. Uma coisa é falarem no bem-estar biopsíquico-social dos idosos e outra bem diferente é ser consequente. Quando a questão financeira e orçamental se sobrepõe, apetece perguntar pelo suposto virar de página da austeridade”, afirma. Além disso, os membros da associação enfrentam ainda a concorrência dos lares do setor social, em funcionamento num regime de preço livre. “Outra situação ainda é que para camas subsidiadas estão a dar prioridade aos idosos com maiores rendimentos. Já para não falar de quando exigem milhares de euros como condição para ocuparem a vaga de que precisam e, ao que me dizem, conseguirem passar à frente de outros há mais tempo em lista de espera. É suposto não terem fins lucrativos, mas parece que não é bem assim, para além de que estão a desenvolver atividades que vão contra a sua natureza social”.

“A ALI tem denunciado estas situações”

Tendo sempre como grande objetivo a qualidade e construção de uma classe mais digna, é com grande preocupação que a Associação ALI tem tido conhecimento das sucessivas notícias que dão conta de casos de negligência em lares e casa de repouso por todo o país. Apesar do problema se colocar a nível dos lares e casas de repouso ilegais, João Ferreira de Almeida não esconde a preocupação e alerta para a necessidade de uma intervenção eficaz das entidades competentes para o efeito. “São casos muito graves, especialmente tratando-se de pessoas muito fragilizadas e indefesas. São locais que, na sua maioria, não têm condições estruturais para funcionarem como lares e não têm recursos humanos suficientes para conseguirem cuidar dos idosos. Desde há muitos anos que a ALI tem denunciado estas situações que chegam ao nosso conhecimento, mas não podemos fazer muito mais do que isso e quem pode, nomeadamente a Segurança Social, não faz grande coisa”, admite.