A Ortopedia, o envelhecimento e… a sociedade civil
Da artrose articular às fraturas da anca, a ortopedia fornece ao doente um vasto leque de serviços e soluções que lhe permitem ter boa autonomia e independência.
Os serviços de ortopedia hospitalares defrontam-se com uma população cada vez mais envelhecida, com várias co-morbilidades, a necessitar de resposta multidisciplinar, onde o menor dos problemas é o do foro ortopédico. Após o internamento, estes doentes continuama necessitar de cuidados complementares – os quais podem e devem ser prestados fora do ambiente hospitalar – e outros apoios, muitas vezes indisponíveis na sua residência, porque as pessoas vivem isoladas ou porque necessitam cuidados mais diferenciados.
A RNCCi (Rede Nacional de Cuidados Continuados integrados) foi criada no pressuposto de apoio a estes doentes, até poderem regressar a casa! Verifica-se que o número de camas dispensadas por esta Rede está longe de dar resposta às necessidades, obrigando os doentes a aguardar vaga nas instituições hospitalares, gerando um aumento do tempo de internamento, a consequente falta de vagas em camas hospitalares e o aumento do tempo de espera para cirurgia.
O crescente envelhecimento populacional deve ser encarado como um desafio na procura de cuidados coordenados, pelo que a sociedade civil pode, também, dar o seu contributo ajudando de forma ativa na procura de respostas que minimizem este problema. Tal como o fez num passado recente conjuntamente com os media, promover a sensibilização junto de quem decide e alertar para os constrangimentos existentes, é contribuir com a sua ação/pressão na procura de soluções. Se “o pior cego não é o que não vê, mas o que não quer ver”, espera-se da parte de todos o melhor contributo para a resolução de um problema, há muito identificado, que continua a carecer de soluções céleres.
Fernando Fonseca, MD, PhD
Assistente Graduado Sénior de Ortopedia
Diretor Serviço de Ortopedia do CHUC