O envelhecimento da população: efeito na alteração do paradigma assistencial em orto-traumatologia
O envelhecimento da população nos países desenvolvidos resultante da diminuição da natalidade e do aumento da esperança de vida decorrente da melhoria da assistência médica, da promoção de estilos de vida saudáveis e do investimento na prevenção rodoviária e laboral, contribuíram para a alteração do paradigma assistencial em Orto-traumatologia.
No trauma, o doente típico no Serviço de Urgência passou do jovem adulto do género masculino, vítima de acidente de alta energia, para o idoso do género feminino, vítima de acidente de baixa energia. Fraturas como a do fémur proximal constituem um importante problema de saúde pública e um desafio para os sistemas de trauma, pela elevada frequência e morbilidade e mortalidade associadas (25-30% morrem no primeiro ano após fratura). Também as lesões tendinosas de sobrecarga (tendinopatias e ruturas) sofreram aumento significativo, associado ao prolongamento da vida laboral ativa e ao incremento da atividade física nos mais idosos.
No âmbito da patologia não traumatológica o aumento da esperança de vida fez disparar os procedimentos artroplásticos (vulgares próteses) sobretudo da anca, joelho e ombro, assim como dos procedimentos na coluna vertebral, com um impacto económico significativo para os sistemas de saúde.
Esta alteração no paradigma assistencial em Orto-traumatologia representa um enorme desafio em termos de política, financiamento e reorganização dos sistemas de saúde, mas também para a formação dos profissionais, assim como para a bioengenharia, requerendo implantes mais eficientes e duradouros, que permitam uma integração familiar e social mais rápida e com maior qualidade dos mais idosos.
Prof. Dr. António Nogueira de Sousa
Diretor do Serviço de Ortopedia do CHU São João
Professor na FMUP