“CIO: Master Chef da Cozinha Digital: curiosos, imaginativos, determinados, autênticos e dinâmicos”
“Vivemos na era da Indústria 4.0 e as expectativas mudaram. Aquilo que os stakeholders esperam relativamente à forma como interagem com as empresas nem sempre corresponde ao que estas têm para oferecer. Urge criar-se uma relação mais presente, proativa e baseada no que de melhor as tecnologias podem hoje potenciar. A transformação digital em marcha tem alavancado o desempenho das organizações, através da utilização das tecnologias, e repercutindo-se particularmente na concorrência e na criação de valor em todos os setores. Para além dos efeitos no desempenho, esta transformação gera também condições favoráveis ao surgimento de novas ameaças e riscos, contra os quais deverão ser implementadas medidas de mitigação adequadas.
A cibersegurança adquire um papel de destaque neste âmbito, uma vez que procura garantir a estabilidade das infraestruturas críticas de informação, através da proteção dos sistemas de computadores e redes, e contra roubos de informação, danos no hardware e software e disrupção dos serviços que suportam.
Transformação digital é um processo no qual as entidades fazem uso da tecnologia para melhorar o seu desempenho, aumentar o alcance e garantir melhores resultados. Consiste numa mudança estrutural nas organizações, dando um papel central à tecnologia. Tão importante como implementar tecnologias disruptivas e inovadoras, é garantir a capacitação das equipas que vão usar as tecnologias (Santos, 2019).
A nova forma de pensar o negócio tem potenciado o esforço de criatividade, especialmente na capacidade de reimaginar a sua estrutura e a operação. Nesta era digital, o tema continuará a marcar a nossa agenda, com as oportunidades e ameaças digitais a terem cada vez mais relevância na forma como somos capazes de criar valor.
É nessa perspetiva que aceitei o desafio de ser Managing Director da CIONET. A CIONET é a comunidade líder de executivos seniores digitais e de Tecnologias de Informação e Comunicação de todo o mundo. Com uma associação de CIOs, CDOs, CTOs, CISOs e líderes de TI das principais empresas do mundo, a CIONET tem a experiência e a visão pioneira para resolver ou abordar qualquer desafio de gestão digital.
A nossa missão é a de ajudar os executivos digitais e respetivos parceiros a realizar a sua ambição, aproveitando a maior comunidade de líderes digitais em todo o mundo. A CIONET desenvolve, gere e modera uma comunidade e plataforma de última geração com um conjunto integrado de ferramentas e serviços offline e online projetados para fornecer suporte em tempo real a uma comunidade que necessita cada vez mais de ter voz estratégica no nosso país. Neste momento temos já registados em Portugal mais de 400 profissionais de TI na nossa organização de C LEVEL, sendo que somos 9000 em todo o mundo na gestão holística e integrada sem comparabilidade nesta área.
Constituímos um ADVISORY BOARD em Portugal com os lideres CIO’s de maior capacidade, resiliência/Resistência, disrupção, transformação com objetivo de ajudar Portugal nos caminhos de transição digital – “a revolução silenciosa” em todos os verticais dos ministérios, mas fundamentalmente com a visão centrada no cidadão no seu ecossistema profissional e no seu ambiente de vida diária suportada na sustentabilidade e capacidade de evitar falta de escalabilidade das soluções a problemas que são transversais na sociedade de hoje. Estamos convictos que os nossos contributos e fundamentos podem constituir uma mais-valia sem precedentes e num momento crítico para a sociedade digital em Portugal.
Uma boa liderança dos CIO’s e dos CISO’s é mais importante do que nunca. À medida que o ritmo da transformação digital continua a acelerar, os melhores CIOs e CISO’s contam com cinco características principais que os ajudam a transformar a ameaça de disrupção numa oportunidade: recorrendo a características para liderar a criação de novos modelos de negócio suportados em tecnologia que geram uma vantagem competitiva duradoura.
A nossa análise sugere que os Master Chefs da Cozinha Digital se destaquem em cinco características: curiosos, imaginativos, determinados, autênticos e dinâmicos. Essas cinco características são distintas por natureza, mas interligam-se quando se trata de estilo de liderança. Os Master Chefs exibem todas essas características, mas adotam-nas e adaptam de forma a criar grandes resultados para eles, para as pessoas que lideram, para as empresas onde trabalham e para os clientes que atendem.”
“A tecnologia é chave para nos diferenciarmos, mas a cultura da empresa é a mola real que permite fazer a diferença”
“O mercado português tem evoluído muito positivamente. Nós começámos muito cedo – não quero dizer que fomos pioneiros, mas certamente fomos dos primeiros -, a trazer um centro de competências para Portugal, em 2005. O passo seguinte foi captar áreas de inovação da Fujitsu em vários setores, criando centros de excelência – Retail, Cloud, Automação, Super Computação, entre outras. Com isto, conseguimos que Portugal fizesse parte do ecossistema de inovação da Fujitsu e os maiores beneficiados são os nossos clientes, os colaboradores da Fujitsu em Portugal e a própria Fujitsu, porque diversifica as suas áreas de inovação, através das competências que o nosso país tem para dar ao mundo.
É muito gratificante, para um diretor geral de uma multinacional, poder criar ofertas de raiz em Portugal, que depois são globalizadas. Eu já o fiz e as minhas equipas também. Não consigo imaginar maior prazer profissional do que este. Se isto significa influenciar o mercado das TI’s, não sei avaliar, mas certamente que será um contributo positivo para o mercado.
Talvez, a minha determinação, desde os anos 90, em trazer para Portugal centros de desenvolvimento e inovação, e tê-lo conseguido, e ver agora muitas outras empresas a trilhar o mesmo caminho, possa ter sido o meu modesto contributo para o mercado das TI’s em Portugal. Fi-lo como profissional, mas sobretudo como português, porque sempre achei, e acho, que somos muito melhores que muitos a inovar, a implementar e não apenas a ‘desenrascar’. Tenho convicções muito profundas, e valido todas elas com as minhas equipas e aceito melhores ideias, mas não sou fácil de convencer, assumo. Tenho um perfil muito comercial, tanto quanto o de gestor, o que me leva a estar sempre muito perto do mercado. Obrigo toda a companhia a pensar primeiro no cliente, mas não conheço outra forma de actuar no mercado, neste das TI’s, ou noutro qualquer.
Por norma dizemos sempre que as características necessárias para que uma empresa se diferencie são os colaboradores e as suas capacidades e competências. Sendo verdade, não deixa de ser verdade também que a cultura é um importante elemento de diferenciação. Quando colocamos o cliente no centro da nossa existência e para ele trabalhamos honestamente e com todas a nossas energias, não o conseguimos fazer sem a tecnologia, seja serviço ou produto, para resolver os problemas e desafios que os clientes têm. A tecnologia é chave para nos diferenciarmos, mas a cultura da empresa é a mola real que permite, usando a tecnologia, fazer a diferença.
Mais do que nunca, temos de saber perceber o cliente e o mercado. Trabalhar com as suas equipas e com os clientes, para preparar melhor a visão do futuro. Garantir, como nunca, que a visão é participada e partilhada pela organização. Não deixar ninguém de fora, especialmente as novas gerações que nos trazem a diversidade de pensamento e o conhecimento do mercado de futuro. São o pulso que precisamos compreender para melhor prever e adaptar as nossas organizações aos mercados e às tecnologias.
Para além disso, não nos podemos esquecer da importância da partilha de experiências e de conhecimentos, que é sem dúvida uma excelente forma de solucionar determinadas situações/problemas que possam surgir. Tanto quanto a experiência, acho que a inteligência emocional, nos permite ter aquele distanciamento suficiente para poder ajudar, baseado na experiência, na cultura da empresa ou no conhecimento do mercado. Este aspecto da experiência é particularmente importante hoje em dia, quando temos que lidar com gerações tão diferentes, como aquelas com que estamos a lidar, mas nunca impor a nossa visão/experiência e sim, deixar que cada um trace o seu caminho baseado na sua própria experiência, como fizeram comigo ao longo destes 35 anos de carreira. Sempre tive liberdade de actuação, e não só na Fujitsu, mas fi-lo consciente das responsabilidades, especialmente quando algo corria mal. Aprendi a cair e levantar rápido e quando “olho para uma montanha”, só me vejo lá em cima rodeado de pessoas que acreditaram comigo, não necessariamente porque lhes disse que tinha ser assim. Tento que este seja o meu dia a dia; que a minha experiencia seja inspiradora mas não imposta.”
“Não é por apostar em mais tecnologia e consequentemente investir mais, que qualquer empresa se poderá diferenciar ou considerar uma empresa tecnologicamente evoluída”
“A digitalização das empresas é um tema incontornável para qualquer organização que pretenda manter-se competitiva nos próximos anos e este é um processo transversal, que impacta todos os departamentos de uma empresa, o que requer estratégia, novos processos, infraestrutura, software, serviços, implementação, formação e suporte contínuo. Perante este facto, os CIO ́s passaram a ter um papel importantíssimo nas organizações, pois para além de serem os especialistas em Tecnologias de Informação, tiveram de ganhar competências em toda a cadeia de valor, das diferentes áreas de negócio.
Além disso, as preocupações acrescidas com os problemas relacionados com a cybersegurança, ou fundamentalmente com a capacidade de assegurar a continuidade do negócio (Business Continuity), a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial e Business Analytics, obriga a que os CIO ́s estejam cada vez mais alinhados com o Top Management das organizações. De facto, não é por apostar em mais tecnologia e consequentemente investir mais, que qualquer empresa se poderá diferenciar ou considerar uma empresa tecnologicamente evoluída. Fundamentalmente há que adaptar os processos às necessidades da empresa, conseguir promover uma cultura vertical, de adoção da utilização das ferramentas disponibilizadas, e fazer passar a mensagem que todas estas ferramentas irão contribuir para se obter mais produtividade e melhor qualidade de vida, ao contrário do que muitas vezes se pensa, que é, o meu posto de trabalho vai estar em risco. Por outro lado, o paradigma que a pandemia nos trouxe, da flexibilização do local de trabalho (embora ainda não seja claro o modelo a adotar), a sensibilização para os temas da segurança, que estão diretamente ligados a cada um dos utilizadores, por muito que se pense que é só uma preocupação do IT, e definição do modelo de utilização da Cloud, serão os fatores que irão diferenciar as empresas, no curto prazo.
O conhecimento é uma das melhores ferramentas que a humanidade tem à sua disposição. Quando temos a oportunidade de partilhar o nosso conhecimento e experiência, deverá ser, para cada um de nós, um motivo de satisfação pois estamos a contribuir para o aumento do conhecimento e a proporcionar o sucesso da comunidade. Nunca foi tão fácil a partilha de experiências e conhecimento, contudo, nem sempre essa partilha é verdadeira e confiável. Ao constituirmos fóruns dedicados aos temas que queremos ver discutidos, garantimos a qualidade da partilha da informação e garantimos a participação daqueles que estão empenhados em contribuir para o sucesso do grupo.
Obviamente que, ter a oportunidade de contribuir com todo o know-how acumulado ao longo dos anos, enquanto profissionais das TIC ́s, permitindo alargar a discussão entre pares, que vivem as mesmas realidades e muitas vezes sofrem as mesmas “dores”, é uma fonte riquíssima de saber, que permite transportar para cada uma das organizações as soluções que melhor se adaptam a cada realidade e que muitas vezes são fórmulas de sucesso já implementadas.”
“A CIONET tem tornando a vida destes líderes um pouco mais simples e com maior certeza de que estão no caminho certo”
“Existem duas inovações críticas que estão a alterar o equilíbrio da cibersegurança, proporcionando aos responsáveis pela defesa das nossas organizações mais capacidades contra aqueles que nos fariam mal. Isto não é apenas um exercício teórico, é algo que todos nós precisamos de compreender e cada vez mais terá de ser uma prioridade. Tenho pensado muito nesta questão, no meu papel de aconselhar os meus clientes e líderes nestas áreas de cibersegurança. A meu ver, há dois desenvolvimentos interligados fundamentais que podem mudar o paradigma da cibersegurança. São: Inovações na automação e Análise avançada baseada em software – incluindo big data, machine learning, análise de comportamento, aprendizagem profunda (deep learning) e inteligência artificial. Não estou a dizer que estas inovações podem reverter a vantagem histórica que a ofensiva tem tido sobre a defesa. Mas uma melhor utilização da automatização, combinada com análises avançadas baseadas em software, podem ajudar a nivelar o campo de jogo.
Se olharmos para os grandes ataques cibernéticos que as grandes empresas nacionais têm tido em 2022, a maioria delas foram logins e passwords que foram comprometidos, vendidos na Darkweb e depois explorados contra as empresas nacionais, entrando nessas infraestruturas com logins e passwords válidos, “personificando” utilizadores normais dentro dessas instituições. Ora, com este tipo de ameaças, começamos a entender que uma firewall e um antivírus básico, já não é David contra Golias, mas sim um inseto contra com um camião TIR, com poucas hipóteses de sucesso por quem defende.
As ameaças cibernéticas são cada vez mais automatizadas usando tecnologia avançada. Infelizmente, a defesa continuou a empregar uma estratégia baseada principalmente na tomada de decisões humanas e nas respostas manuais tomadas após atividades de ameaça. Esta estratégia reativa não consegue acompanhar ameaças altamente automatizadas que operam em velocidade e escala. A defesa tem vindo a perder – e continuará a perder – até que nós, na comunidade de cibersegurança, estejamos a combater máquinas com máquinas, software com software.
A automatização permite que as equipas de segurança combatam máquinas com máquinas e guardem o seu recurso mais precioso (pessoas) para fazer coisas que só as pessoas podem fazer melhor e mais rápido do que as máquinas. Isto inclui caça e análise profunda de alta qualidade. Qualquer outra abordagem nunca acompanhará a velocidade e a escala das ameaças cibernéticas modernas.
Para os líderes empresariais e tecnológicos, requer agora confrontar algumas questões fundamentais sobre cibersegurança: A cibersegurança deve ser integrada horizontalmente na cultura, mentalidade e ADN das suas organizações. Isto significa que deve ser considerada como parte de todas as ações empresariais, que incluem todas as decisões de estratégia e de investimento. A cibersegurança, bem como o conjunto mais alargado de iniciativas informáticas, devem deixar de ser vistas apenas através de uma lente tecnológica. Quer se trate de uma empresa de construção, de uma empresa tecnológica, ou de um posto de comando militar, a cibersegurança e a TI devem estar alinhadas com a missão e a proposta de valor da organização.
Abraçar os desafios da cibersegurança vai muito além de garantir que os colaboradores não escrevam as suas palavras-passe em post-its deixadas no seu computador. Tal como o DevOps rapidamente evoluiu para DevSecOps à medida que as organizações perceberam o impacto crítico da cibersegurança no negócio, temos de nos comprometer a um maior nível de colaboração entre os líderes empresariais e os técnicos.
Os líderes digitais vivem momentos únicos que não viviam antes do Covid. Existe muita mudança e muitos obstáculos comuns entre a maioria destes líderes. E a CIONET tem sido a cola deste grupo, trocando experiências, explicando o que tem e o que não tem funcionado, tornando a vida destes líderes um pouco mais simples e com maior certeza de que estão no caminho certo. Este tipo de abordagem é a única forma que temos de realmente alinharmos expectativas e acelerar para o bem comum que é o crescimento das nossas empresas e de Portugal.”
“A transformação digital é uma jornada complexa e que envolve processos, tecnologia e, sobretudo, pessoas”
“Os grandes desafios do CIO são o reflexo dos próprios desafios dos negócios da sua empresa e têm-se agudizado nos últimos anos pelo contexto macroeconómico volátil. A tecnologia e o digital são cada vez mais vistos como um elemento crucial para o sucesso e continuidade das empresas, melhoria dos serviços aos clientes e cidadãos e podem ser um diferenciador para ajudar a atingir objetivos de sustentabilidade das organizações. No entanto, a transformação digital é uma jornada complexa e que envolve processos, tecnologia e, sobretudo, pessoas. A obtenção e retenção de talentos é, por isso, um dos maiores desafios. Depois, é imperativo que a transformação tenha como prioridade os dados – porque estes representam uma verdadeira oportunidade quando conseguimos extrair deles todo o valor. Tudo isto é desafiante de per si, mas até que ponto serão as organizações capazes de tirar partido destas medidas? Para tal acontecer é também importantíssimo – e são verdadeiros desafios – definir uma orientação estratégica e um modelo organizacional que sustentem esta transformação.
Tal como há muitos problemas que não se resolvem apenas com mais dinheiro, também não é certamente com o “despejar” de tecnologia em problemas nos processos existentes dentro da empresa que ficaremos com uma empresa transformada digitalmente. Para se diferenciarem no mercado, as empresas terão de ser capazes de conectar, proteger, analisar e agir sobre todos os seus dados, do edge à cloud. É necessário que as organizações coloquem os dados no centro da sua transformação para estabelecer os pré-requisitos que criem valor a partir dos dados. Isto dá-lhes o poder para colaborar, inovar e gerar efeitos em rede a partir dos dados, mas têm de o fazer sem sacrificar a privacidade e o controlo sobre esse modelo de negócio orientado por dados.
Por outro lado, para obterem todo o potencial dos dados, as organizações têm de ser híbridas na sua conceção, do edge à cloud. Na última década, a cloud pública tem sido a força de transformação primordial no nosso setor. Neste modelo altamente centralizado, muitas aplicações ganharam velocidade e agilidade por estarem dentro da cloud pública. No entanto, muitas outras aplicações foram deixadas de parte. Além disso, apesar de ser fácil colocar os dados na cloud, é extremamente dispendioso tirá-los de lá. Por causa deste volume massivo de dados que continuamos a gerar, acreditamos que a próxima onda de transformação digital requer uma arquitetura híbrida do edge à cloud, onde a cloud vem até aos dados e não o contrário. E para serem bem-sucedidas, as organizações têm de entregar uma experiência de cloud consistente a todas as equipas e aplicações, com capacidade para agir sobre e retirar valor dos dados, em qualquer lugar. De forma transversal, as organizações têm também de ter as capacidades técnicas e o talento para capitalizar esta oportunidade que é a transformação digital, pelo que é crucial a capacidade para atrair e reter pessoas, bem como o investimento em formação, acompanhamento e mentoring.
Os desafios da liderança na era da transformação digital são diversos, pois os gestores têm que lidar com situações novas que, muitas vezes, impedem a empresa de progredir. Fazer parte da CIONET é integrar uma plataforma que não só dá palco aos mais relevantes interlocutores do setor, como é verdadeiramente uma rede onde se partilham experiências e aprendizagens e onde a troca de ideias é extremamente frutífera. O saber é fundamental e a partilha de conhecimento, experiências, o que resulta e não resulta podem ajudar a evitar erros, a acelerar a inovação e a obter resultados melhores e mais rapidamente. A título de exemplo, posso partilhar duas iniciativas que temos na HPE: fóruns locais específicos onde os colaboradores apresentam casos, boas práticas, fatores críticos de sucesso e erros a evitar e uma plataforma que faz a ponte a nível mundial entre colaboradores com os mesmos interesses e perfis para procurar resolver problemas identificados pelos próprios colaboradores. Tenho recebido feedback muito positivo deste tipo de abordagem em que todos podemos ser uma fonte de conhecimento e onde a partilha é chave.”
“As pessoas são a primeira linha de defesa de uma organização”
“Olhando para a atualidade e a transformação que tem vindo a acontecer, existem quatro desafios com que se deparam os nossos clientes: Primeiro, os CIOs precisam reimaginar como projetam, desenvolvem e implementam as suas aplicações. As aplicações são, hoje em dia, o negócio do cliente e são o veículo como as empresas constroem o relacionamento entre sua marca e os seus clientes. Em segundo lugar, colocaria o “power hybrid work”. Se esta pandemia nos ensinou alguma coisa, é que o trabalho não é um lugar para onde se vai… é algo que se faz de qualquer lugar (desde que tenha acesso à internet). Os nossos clientes terão mais funcionários do que nunca a trabalhar remotamente ou em modelo híbrido. Por exemplo, 58% dos trabalhadores de escritório antecipam que trabalharão em casa, oito ou mais dias por mês, o que significa que até certo ponto, cada reunião será uma reunião híbrida. Em terceiro lugar, colocaria o tema da ‘Transform Infrastructure’. Neste mundo cada vez mais conectado, a rede é o sistema que permite que tudo funcione em conjunto, criando possibilidades ilimitadas, mas também introduzindo uma maior complexidade. Por último, não poderia deixar de falar do ‘Secure Enterprise’, a segurança sempre foi de importância crítica para nossos clientes, mas a sua complexidade tem vindo a aumentar. Questões como o trabalho híbrido e a mobilidade, vieram aumentar o desafio no que refere à segurança.
E neste sentido, gostaria de dizer que segurança não passa apenas por tecnologia, as pessoas têm um papel crítico e, dessa forma, todos têm de estar envolvidos no processo de segurança de uma empresa. As pessoas são a primeira linha de defesa de uma organização, sendo que desta forma têm de ter acesso a formação para awereness e partilha de boas práticas. Em segundo lugar, as empresas deverão aumentar a sua resiliência, aumentando os níveis de proteção aos dados e aplicações, que são críticos para a continuidade do negócio.
Fazer parte do CIONET tem sido fundamental para fazer frente aos desafios. Sendo a CIONET uma comunidade formada por mais de 400 profissionais de IT, de diferentes setores de atividade, permite que se antecipe tendências de mercado, que se debatam os desafios existentes mas, melhor que tudo, é aprendermos uns com os outros e partilharmos as experiências que vamos vivendo no processo digital dos nossos negócios. Uma comunidade como a CIONET é uma fonte de conhecimento, feita por pessoas com diferentes desafios e negócios. A partilha dos diferentes pontos de vista é por certo uma mais valia para todas estas pessoas, pois conseguimos através da partilha de conhecimento, ultrapassar obsctáculos com que nos deparamos no nosso dia a dia.”
“Vivemos tempos interessantes para se trabalhar em tecnologia em Portugal”
“Para quem, como eu, iniciou a sua carreira nas tecnologias de informação no final dos anos 90, o Portugal de então é bem diferente do que conhecemos hoje. Se por um lado, Portugal tem tido um comportamento menos competente em termos de indicadores económicos, prova disso é termos sido alcançados pelas economias de leste e sermos considerados ‘pobres energéticos’, as TICs aparentam seguir uma trajetória diferente. Senão vejamos, no final do século passado, início do atual, o emprego interessante nas TIs, existia basicamente na região de Lisboa e muito suportado nas consultoras e fabricantes internacionais. Havia uma tímida mancha de empresas na região do Porto e, salvo algumas exceções, o restante país era um vazio em termos de oferta. A própria universidade era um ambiente fechado, com pouco interesse pelas empresas e pelo contexto internacional. Volvidos estes anos, felizmente, o panorama mudou. O sistema de ensino modernizou-se, abriu-se às empresas, fala-se em transferência de conhecimento/tecnologia, existe diversidade de género nos cursos de base tecnológica, conseguimos atrair estudantes estrangeiros e temos universidades e business schools nos mais prestigiados rankings internacionais. Do lado das empresas, vimos surgir uma fortíssima movida tech no Norte, com o Porto a transformar-se num polo tecnológico. Vemos um pouco por todo o país start-ups a surgirem, multinacionais a transferirem para cá Centros de Competências e parte dos seus global business services. Pelo seu clima, segurança, qualidade de vida e cidades cosmopolitas, Portugal consegue estar no topo em termos de atração de nómadas digitais e profissionais das tecnologias que buscam o tão falado work-life balance que está a moldar o futuro do trabalho a nível global.
Costumo com as minhas equipas e alunos, frequentemente, usar a expressão ‘vivemos tempos interessantes para se trabalhar em tecnologia em Portugal’, porém não é sem, no entanto, levantar novos desafios a quem tem a responsabilidade de liderar equipas e empresas de TI. Se um mundo de oportunidades se abre, há também um conjunto de fenómenos que os líderes têm de compreender e saber como enfrentar.
Temos de saber competir a nível global e atuar localmente. O fenómeno de atração que mencionei acima, está a trazer uma pressão sem precedentes nos salários e nos custos das TIs de forma geral e nem todas as organizações terão as mesmas capacidades para competir nesta arena. Os ‘grandes’ provavelmente até conseguirão acomodar estes acréscimos, mas os mais pequenos terão seguramente bastantes mais dificuldades. O que teremos de fazer para evitar que o acesso à tecnologia se mantenha democratizado e não esteja apenas ao alcance de uns poucos e grandes? Isto é particularmente relevante num país em que o tecido empresarial é vastamente dominado por pequenas e microempresas e em que numa economia cada vez mais digital, clientes ganham-se e perdem-se nas redes sociais, as estratégicas desenham-se em cima de dados e uma fraca digital experience (DX) por parte de uma empresa significa um risco elevado de não sobrevivência.
Outro vetor de mudança que já se instalou entre nós e tenderá a fortalecer-se, é o chamado future of work que teve uma amplificação e aceleração sem precedentes com o cenário pandémico que vivemos nos últimos dois anos. Os modelos híbridos e remotos, aparentam ter vindo para ficar. Por um lado, até pode ser a fórmula mágica para resolver temas estruturantes como a desertificação do interior ou o trânsito e poluição das cidades. Seguramente, proporciona um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e sem este fenómeno, a atração de talento estrangeiro não seria possível, ainda que seja uma via de dois sentidos, pois parte da pressão nos custos está ligada à ‘emigração sem necessidade de recolocação’ dos nossos próprios recursos. Outro vento de mudança, que se está a juntar a esta tempestade perfeita, é a chegada ao mercado de trabalho da geração Z, que se rege por uma diferente pauta de valores, em que trabalhar ao projeto se sobrepõe ao trabalho de médio/longo prazo, não equaciona trabalhar sem propósito, trabalha para viver e não o contrário.
Vivemos sem dúvidas tempos muito interessantes para se trabalhar nas TIs, porém os desafios são bastantes e não existe experiência anterior para buscar referências. Caberá a cada líder, saber como enfrentar e adaptar-se. Trabalhar em comunidade e em partilha poderá ser uma forma de suavizar o caminho.”
“Portugal não precisa de ambicionar tornar-se um polo de inovação porque já o é”
“Para uma empresa se diferenciar tecnologicamente no mercado, é fulcral que faça apostas tecnológicas que se adequem às suas necessidades tais como sistemas cognitivos, inteligência artificial e sistemas de cibersegurança (next-generation) e que acompanhem a modernidade do seu setor. No entanto, nos dias de hoje não basta ser tecnologicamente capaz.
Destaco o aspeto da Sustentabilidade praticando uma gestão de grande consciência ambiental, a constante formação dos seus recursos humanos e manter o foco na necessidade de atualização constante no que diz respeito à inovação do seu segmento de mercado tento sempre como objetivo final a satisfação do seu publico alvo: os clientes.
Não posso deixar de mencionar os gestores. Deles provem a estratégia, a planificação e a articulação de todos os aspetos que salientei anteriormente, bem como as tomadas de decisão que levam as empresas ao sucesso. A tecnologia está disponível a todos os que a adotam e utilizam, mas tudo dependerá de quem vai operar ou desenvolver sobre a tecnologia. Na minha opinião Portugal não precisa de ambicionar tornar-se um polo de inovação porque já o é. O que considero que seja crucial neste preciso momento, é que todos tomem consciência desta realidade e que se comece a valorizar a nossa enorme capacidade de inovação e a fazer uma análise consciente ao caminho percorrido e à preponderância das nossas conquistas neste âmbito. A nosso favor temos a história, a cultura, o empreendedorismo, a experiência, a criatividade e o conhecimento para continuar a criar soluções que impulsionam os negócios globais através da inovação permanente, ao qual já habituamos o mundo.”
“A liderança não é estanque e, no caso das TI, vai estar cada vez mais ligada a todos os outros aspetos da organização”
“Os principais desafios dos CIO e líderes digitais dos dias de hoje estão relacionados com o facto de que o ecossistema digital não é apenas tecnologia, mas um conjunto de outras áreas que devem ser alinhadas e que os líderes devem também dominar. O CIO, além da vertente técnica, deve estar intimamente ligado ao negócio, ter noções avançadas de gestão, estar consciente dos temas de cibersegurança, compreender o risco envolvido, saber liderar pessoas, etc. Para que isso aconteça, todo o sistema de ensino das áreas tecnológicas deve evoluir para um modelo mais holístico e integrado.
Cada vez mais, a liderança não é estanque e, no caso das TI, vai estar cada vez mais ligada a todos os outros aspetos da organização. Fazer parte da CIONET permite que o líder possa interagir com outros pares, num ambiente de confiança e reconhecimento mútuo e conhecer estratégias para enfrentar os problemas, porque provavelmente algum outro membro já passou por uma situação semelhante. Se o tema for completamente novo, então existe toda uma comunidade de reconhecido mérito com que se podem discutir opções e chegar a uma solução muito melhor do que se conseguiria sozinho.
Poder partilhar experiências e conhecimentos permite que o avanço seja muito mais rápido e eficaz, não sendo preciso ‘partir pedra’ quando algum colega já o fez. Além disso, ao discutir e utilizar a experiência adquirida, vamos também conhecer as limitações das soluções anteriores o que permite uma solução melhor, mais rápida e mais eficaz.”
“Se não dermos um passo hoje, amanhã vamos ter de dar dois”
“A pandemia incentivou a transformação digital do país, desde o trabalho remoto à digitalização de processos, demostrando que não há impossíveis e que o tempo corre de outra forma quando há foco e um propósito. Devemos agora aproveitar o momento e ser mais ambiciosos na transformação digital das nossas vidas e empresas. Se não dermos um passo hoje, amanhã vamos ter de dar dois! A osmose para mercado das soluções Cloud, Big Data, inteligência artificial, machine learning ou até outras mais disruptivas como Blockchain têm ainda muito caminho pela frente.
Apesar de todas as vantagens, a digitalização também trouxe consigo alguns problemas, sobretudo, no que diz respeito à segurança. Alguns dos pontos cruciais a ter em conta para que as práticas de segurança sejam asseguradas passam pela representação ao mais alto nível nas empresas atribuindo-lhe a prioridade e recursos que merece face aos riscos e impactos que acarreta para o negócio. Na receita do essencial, devemos integrar a formação a todos os colaboradores em defesa e comportamento seguro, montar uma organização interna de cibersegurança, os controlos essenciais de monitorização, controlo e de resposta a incidentes, com auditorias e testes regulares, por exemplo tirando partido excelente trabalho do CNCS, nomeadamente no Quadro Nacional de Referência para a Cibersegurança”.