Alto Minho: um território sustentável e autêntico
Constituída em outubro de 2008, e herdeira de uma longa e rica experiência de associativismo intermunicipal, a CIM Alto Minho assume como propósito fundador fazer do Alto Minho “um espaço de excelência ambiental com capacidade de desenvolver uma nova conjugação de recursos e atividades turísticas, de energias renováveis, de acolhimento empresarial e de provisão de serviços de proximidade com qualidade e modernidade, que respondam aos desafios de competitividade, coesão e sustentabilidade”. Fique a conhecer nesta edição da Magazine o importante trabalho desenvolvido por esta Comunidade Intermunicipal, quer na afirmação e promoção do Alto Minho enquanto destino turístico de excelência, quer na revalorização do património natural e cultural à volta do rio Limia-Lima.
Fale-nos um pouco das características do território transfronteiriço Rio Limia-Lima?
Este território transfronteiriço é rico em termos de recursos e património natural e cultural. Aqui podemos encontrar o mar, o rio, serras e vales com comunidades locais hospitaleiras e uma riqueza cultural e natural à espera de quem quer o que é autêntico. Esta é uma região com um potencial turístico elevado, com uma dinâmica de paisagens e experiências relevante, estando neste momento a trabalhar de forma integrada entre os diversos agentes para oferecermos produtos turísticos de qualidade e singularidade marcados pela sustentabilidade pela qual este território é reconhecimento em termos internacionais (Galardão Europeu de Sustentabilidade outorgado pela Federação Euro-peia de Parques – EUROPARC).
Quais as razões para o esquecimento desta fronteira?
A beleza do rio Lima provocou desde sempre uma incapacidade de expressão condigna a atrair o poder sugestivo da lenda que lhe deu nome – a Lenda do rio Lethes ou rio do Esquecimento. Do Esquecimento porque se dizia que quem bebesse da sua água ou ousasse atravessá-lo, enfeitiçado pela sua beleza, logo esqueceria a pátria, a família e o próprio nome.
Os visitantes que percorrem as margens do rio Lima, para além do monumento evocativos da Lenda do rio Lethes ou do Esquecimento, encontram, na parede exterior do Mercado Mu-nicipal, um painel de azulejos no qual está reproduzida a célebre tapeçaria de Almada Negreiros, datada de 1957, que imortaliza a Lenda.Esta lenda foi o mote para o lançamento desta estratégia con-junta de valorização dos territórios de interior transfronteiriços. Usando das palavras de António Manuel Couto Viana, não é o rio do Esquecimento, mas sim o rio da “Lembrança viva destas terras amoráveis, por onde desliza e parece beijar”.
Como surgiu a ideia da CIM Alto Minho formar parceria com o projeto de cooperação transfronteiriça do Rio Limia-Lima?
A Deputación de Ourense tendo por base o rio e a bacia do Lima, em estreita articulação com a CIM Alto Minho e os municípios de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, decidiram face ao longo histórico de colaboração transfronteiriça desenvolver um projeto de valorização turística e de criação de produtos focados nos territórios com uma forte vertente transfronteiriça. De salientar, que o trabalho transfronteiriço faz parte da atividade da CIM Alto Minho e é sempre com agrado e com energia que abraçamos candidaturas e, consequentemente, projetos e iniciativas com os territórios mais próximos da fronteira, como é o caso de Ourense e Ponte-vedra. De salientar, que o trabalho conjunto das entidades dos dois lados da fronteira é importante para o desenvolvimento territorial e dinamização económica local.
Quais são as estratégias que a CIM Alto Minho deseja im-plementar para elevar a visibilidade do percurso transfrontei-riço Rio Limia-Lima?
Em primeiro lugar consideramos que é premente a existência de novas iniciativas integradas em um ou mais projetos para desenvolver o território de forma turística em ambos os lados da fronteira. Além dessa continuidade consideramos premente que os municípios, os empresários e as comunidades locais se unam e trabalhem em conjunto na dinamização de produtos turísticos de qualidade. Consequentemente, com esses produtos devidamente identificados (natureza, gastronomia, saúde e bem-estar) tem-se de apostar na promoção e divulgação conjunta, em primeiro lugar, junto dos mercados de proximidade e, posteriormente, junto dos mercados ou nichos que procurem a autenticidade e o contacto com a natureza como é o caso dos países nórdicos. E os pacotes turísticos delineados no âmbito do Fronteira Esquecida são certamente uma base interessante para a promoção do território e seus produtos turísticos.
Em suma, temos de continuar a trabalhar em conjunto, apostando na sustentabilidade do território e das comunidades locais, dinamizando a economia local e evitando o turismo massificado.
Quais são as principais atrações turísticas deste percurso e como a CIM Alto Minho chama as atenções dos turistas?
O próprio território é uma atração turística já que ele encerra elementos naturais de indescritível beleza onde se encontram comunidades locais que ainda colocam em prática tradições ancestrais, o saber, o fazer. Relativamente a pontos de interesse turístico, apesar de ser difícil apenas nomear alguns, podemos destacar a título de exemplo, do lado galego o monumento megalítico tipo menir de Sarreaus, a ponte medieval de Arnuide – Vilar de Barrio, a torre de menagem de Sandiás, ponte de Santa Maria – Porqueira, e o Dólmen de Muíños, do lado português pode-se referir os centros históricos de Arcos de Valdevez, Pon-te da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, o Castelo do Lindoso, o Mosteiro de Ermelo, a ponte de origem romana de Ponte de Lima, o santuário do Sagrado Coração de Jesus no Monte de Santa Luza e a ponte Eiffel em Viana do Castelo.
De salientar, com maior expressão o único espaço classificado em Portugal com estatuto de Parque Nacional, o Parque Nacional Peneda-Gerês que conjuntamente com o Xurés do lado gale-go foram classificados pela UNESCO como reserva da biosfera desde 2009.O património natural e cultural são também o grande des-taque, mas a enogastronomia também deve ser considerada já que nesta região, como todos sabe, tem uma forte ligação entre os recursos endógenos, a gastronomia e os vinhos. Só visitando o território é que se tem a perceção da sua grandeza, riqueza e autenticidade.
Que tipo de experiências os turistas podem ter ao visitar o percurso transfronteiriço Rio Limia-Lima?
As experiências são diversas e abrangentes nesta fase, num futuro próximo podemos em termos estratégicos apostar em produtos específicos e ser mais direcionados a determinados nichos, mas atualmente, as experiências englobam natureza e cultura de uma forma diversificada. Os percursos na natureza, incluindo nas ecovias da região, permitem desfrutar de paisagens maravilhosas e do contacto com a natureza, de bicicleta ou a pé, sendo possível nalguns pontos observarem-se aves; as visitas aos centros históricos, museus, igrejas e outros monumentos; o contacto com as comunidades, com as pessoas e as suas tradições; as provas de vinhos; as refeições; a possibilidade de participar em eventos tradicionais, nas festas e romarias únicas e singulares, são inúmeras as experiências que se podem experienciar no território. Mas só estando no Alto Minho e nesta região de fronteira é que se pode sentir o território e vivenciar o que ele é e o que encerra.
De que forma a CIM Alto Minho promove o Turismo Sustentável do Alto Minho?
A CIM Alto Minho tem no âmago do seu trabalho a sustentabilidade, consequentemente, o turismo sustentável é algo inerente à CIM. Esta aposta na sustentabilidade turística é visível nos certificados e galardões que reconhecem o nosso trabalho e a qualidade e sustentabilidade da região. São disso exemplos o galardão Green Destinations Platinum atribuído pela Green Destinations Foundation, de acordo com os padrões do Conse-lho Global de Turismo Sustentável que foi revalidado este ano, a Carta Europeia de Turismo Sustentável pelo EUROPARC Fede-ration, também renovada este ano, e o reconhecimento do Alto Minho como TOP 100 Sustainable Destinations, desde 2018, a nível mundial e atribuído pela Green Destinations Foundation. Estes galardões demonstram os nossos esforços e o trabalho conjunto dos empresários e entidades públicas.
O que falta fazer na região do Alto Minho para tornar esta região cada vez mais apetecível?
A melhoria das acessibilidades e da mobilidade verde e sustentável é um dos aspetos prementes. No entanto, a CIM Alto Minho e os municípios estão empenhados nessa dimensão também, o que também pode dinamizar o turismo, sobretudo o de compras e enogastronómico, do território.
De que forma olha para o futuro da região do Alto Minho em termos turísticos?
Um território sustentável, autêntico, de tradições, de pessoas para pessoas